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quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Paquirrinossauro

Assim deve ter sido o Paquirrinossauro
© Melissa Frankford
Reconstrução do esqueleto do Paquirrinossauro
© Tracy Lee Ford
Nome científico: Pachyrhinosaurus canadensis e P. lakustai.
Significado do Nome: Lagarto de Nariz Grosso ou Réptil de Focinho Espesso.
Tamanho: cerca de 6 metros de comprimento e e 2,13 metros de altura.
Peso: cerca de 2 toneladas.
Alimentação: Herbívora.
Período: Cretáceo Superior.
Local: Canadá e Alaska - América do Norte.


Veja onde foi encontrado o Paquirrinossauro
© Mapa modificado por Patrick Król PadilhaVeja quando viveu o Paquirrinossauro
© Patrick Król Padilha

Certo dia no ano de 1946 um paleontólogo saiu em busca de vestígios fósseis na cidade de Alberta no Canadá, e sem saber iria fazer alguma grande descoberta, encontraria um fóssil intrigante. O nome deste homem, Charles Mortram Sternberg, sim o famoso paleontólogo descobridor de muitos dos mais conhecidos animais pré-históricos. Ali em Alberta, em rochas datadas do período Cretáceo Superior, de 73 a 63 milhões de anos atrás, ele encontrou o primeiro fóssil daquela espécie de dinossauro.
Em 1950, 4 anos depois de achar o fóssil, Sternberg o descreveu e deu-lhe um nome com base nas características de um crânio estranho e impressionante, pois este era de um ceratopsiano, que como já sabemos possuiam gola óssea e chifres. O animal achado por Sternberg não era tão diferente dos outros dinos de seu grupo, pois tinha gola, chifres, mas um destes "chifres" acabou por dar o nome ao animal. Batizado de Pachyrhinosaurus canadensis, o bicho recebeu um nome apropriado, devido à forma de seu chifre nasal, que era mais um calombo ósseo enorme, uma protuberância grossa, redonda e maciça do que um chifre. Seu nome então é formado pelas palavras, provavelmente de origem grega, Pachy = grosso + Rhino = nariz, focinho + saurus = réptil, lagarto, o que nós compreendemos como "Lagarto de focinho grosso" ou "Réptil de nariz espesso".
© Scott Elyard

Depois disto, outros fósseis deste dinossauros foram escavados em Alberta, ao todo cerca de 14 crânios parciais e ossos soltos do crânio e do corpo, além de pelo menos 8 esqueletos de Paquirrinossauros adolescentes no Alasca. A diferença entre os exemplares canadenses e os do Alasca é que os do Canadá tinham o calombo no focinho e mais um calombo menor sobre cada olho, enquanto os outros tinham os 3 adornos fundidos em um único calombo plano e largo.
P. canadensis: observe que tem 3 calombos
© Harper Collins
Foi na década de 1980 que o interesse por este dinossauro cresceu, depois de uma incrível descoberta. Em 1972 um professor de ciências de Alberta encontrou uma grande camada de rocha com fósseis em Pipestone Creek em Alberta, mas só em 1986 o local começou a ser escavado pela equipe do Royal Tyrrel Museum of Paleontology e alguns voluntários, tarefa que durou até 1989.

Aquela procura foi boa, pois foram encontrados muitos fósseis, mais de 100 ossos por metro quadrado, com um total de 3500 ossos e 14 crânios do dinossauro ceratopsiano. Acreditam os paleontólogos que todos morreram juntos, talvez tentando cruzar um rio muito revoltoso devido à alguma enchente, pois as rochas onde estavam os ossos foram formadas por um tipo de sedimentos que teriam sido acumulados durante uma enchente naquele terreno e assim todos os corpos foram levados pela água até uma curva do rio e ali se acumularam na margem onde começaram a apodrecer. Então os predadores locais aproveitaram e comeram as carcaças, desmontaram esqueletos e espalharam os ossos, antes destes serem enterrados, por isso os paleontólogos encontraram os ossos todos fora do lugar, ou seja, não havia esqueletos com os ossos no lugar onde ficavam em vida.
Migração dos Paquirrinossauros no Alasca
Compare o calombo desse com a foto anterior do P. canadensis
© John Sibbick

Em 2008 os paleontólogos Philip J. Currie, Wann Langston Jr. e Darren Tanke publicaram uma monografia descrevendo detalhadamente um crânio de Paquirrinossauro encontrado em Pipestone Creek, classificando o fóssil como uma espécie diferente, nomeada então Pachyrhinosaurus lakustai, homenageando o professor anteriormente mencionado, que achou o lugar dos fósseis. O nome deste professor é Al Lakusta, daí o nome lakustai para o animal.
Modelo 3D do esqueleto de um P. lakustai
© Pipestone Creek Dinosaur Project
O Paquirrinossauro é um herbivoro ornitisquiano, ou seja, sua bacia ou quadril, assemelha-se ao de uma ave. A classificação deste animal de acordo com o site DinoData é:

Ornithischia > Genasauria > Cerapoda > Marginocephalia > Ceratopia > Neoceratopia > Ceratopidae > Centrosaurinae

O "Lagarto de Nariz Grosso" era obviamente um ceratopsiano, então possuía gola e chifres como todos os seus parentes, além de um bico córneo usado para arrancar vegetação dura que comia, que deveria incluir cicadáceas, fetos entre outras plantas baixas que existiam no Cretáceo. Grama ainda não existia e eles não podiam comer das altas árvores coníferas, então restavam as plantas mais baixas, arbustos e afins.
Como dito, em vez de chifres, seu focinho comportava uma superfície de osso achatada, quase plana, larga e maciça, bem sobre o focinho, o que acredita-se que era usada como aríete para lutar contra rivais com cabeçadas, como fazem os Bois Almiscarados. Chifres mesmo só existiam no seu escudo/gola, onde uns cresciam virados para cima e outros curvados para baixo.
Nos adultos as protuberâncias do focinho poderiam ter formas diferentes, ser convexo ou côncavo. Acredita-se que tal diferença possa ser um modo de diferenciação de sexos, ou seja, os de chifres côncavos eram de um sexo e os de chifre convexo de outro. Outros pesquisadores negam esta teoria e dizem que os chifres côncavos são assim preservados devido à erosão que desgasta a ponta e não seria uma característica do animal, para diferenciação de sexos. Abaixo há uma imagem de formas geométricas para explicar o que é côncavo e o que é convexo. Montei a imagem simples, para dar uma ideia do que digo aos que não compreendem o que significam tais palavras.
Imagine as formas geométricas como o "chifre"
© Blog do Ikessauro

Mas há muita discussão sobre a real aparência deste herbívoro desde que ele foi descoberto, pois seu focinho não tinha o chifre que normalmente existe nos ceratopsianos "evoluídos", mas também não era liso como nos mais primitivos, como o Protoceratops. Aquele calombo grosso permanece um mistério, mas muitos pesquisadores dizem que ali ficava um chifre queratinoso igual aos do Rinoceronte atual, que não tem um interior ósseo. Assim, quando o animal morria, o chifre sofria decomposição, deixando só a base no lugar onde antes se fixava. Porém nunca foi encontrado um Paquirrinossauro com um chifre preservado no focinho sendo da espécie P. canadensis, seja parcial ou completamente e por isso ainda existem diversos pesquisadores com dúvida a respeito, não acreditando na hipótese do chifre queratinoso. Segundo alguns pesquisadores, exemplares juvenis de P. lakustai tinham chifres normais e não o calombo. Observe a foto a seguir, representando a anatomia do dinossauro, cujo esqueleto foi apresentado sem o chifre, diferenciando da versão do animal em vida que possui tal adorno.
Reconstrução da anatomia do dinossauro: versão com chifre de ponta
© José Miguel Pino
Além dos debates sobre o chifre, pesquisadores ponderam sobre a presença de estruturas semelhantes às penas primitivas encontradas em um exemplar de Psittacosaurus na Mongólia, que também é um ceratopsiano. Este pequenino parente do "Réptil de Nariz Espesso" tinha nas costas uma espécie de tufo de protopenas, filamentos alongados fixados na parte posterior das costas e na cauda. Por isso hoje os pesquisadores tentam imaginar se o Paquirrinossauro também tinha tais características que poderiam ser usadas para atrair um parceiro na época do acasalamento, por exemplo.
Versão do animal com chifre pontudo e protopenas nas costas
© Felipe Alves Elias
A partir dos fósseis descobertos foi possível perceber que o tamanho e a forma dos escudos variava muito de indivíduo para indivíduo, o que talvez fosse determinado pelo sexo do animal e outros fatores como idade, saúde etc.
O Paquirrinossauro media cerca de 6 metros de comprimento e chegava a pesar aproximadamente 2 toneladas, (algumas fontes indicam 4 toneladas) e mantinha este corpo funcionando comendo plantas com dentes poderosos e uma bochecha que segurava a comida, facilitando que mastigasse as plantas que eram duras e fibrosas, que conseguia arrancar usando seu bico córneo.
A espécie holótipo, que serviu para nomear o gênero, é o Pachyrhinosaurus canadensis que foi batizado em 1950 pelo próprio Charles Mortram Sternberg, mas ainda existe a já mencionada espécie P. lakustai.

Não se sabe qual era o comportamento social deste dinossauro, mas acredita-se que eram animais que viviam em bandos, cuidando dos filhotes e dos companheiros de caminhada. Um indício disto é o achado de Pipestone Creek onde havia ossos de animais de idades diferentes, sendo que pelo menos 4 faixas etárias estão representadas no bando, provando que os Paquirrinossauros eram muito sociáveis. Além disto, o achado de animais de diversas idades permite fazer um esboço de como era o crescimento destes herbívoros, que de acordo com as pesquisas, tinha uma alteração no formato do calombo craniano. Na infância eram desenvolvidos os primeiros calombos de forma semi-circular acima dos olhos e focinho. Na juventude, passando para a maturidade os calombos cresciam formando um grande e espesso adorno enrugado que por fim seria trocado por uma superfície mais plana e lisa na maturidade.
Assim deveria ser um bando de Paquirrinossauros
©
John Bindon
Análises da cavidade craniana destes ceratopsianos indicam que não eram extremamente inteligentes, mas eram capazes de comportamentos sociais simples, como a já mencionada vida em grupos, e alguns outros hábitos, como a migração em manadas provavelmente entre Canadá e Alasca e talvez lutas entre os machos para ter o direito de acasalar, o resto era tudo instintivo, nada sofisticado como poderia acontecer com terópodes maniraptoriformes por exemplo.
Pode ser que os machos lutassem assim: usando cabeçadas e empurrões
©
W. Barlow
Falando em direito de acasalar, vejamos algo sobre a reprodução deste dinossauro. Acredito que como todos os demais encontrados ele botasse ovos, mas seu comportamento específico, se fazia ou não ninhos, não saberia dizer. Pode ser que além de lutar pelas fêmeas, os machos podiam mudar a cor do escudo chamando atenção da mesma. Porém cores são totalmente especulativas, uma vez que não são preservados os pigmentos em forma fóssil. Outras especulações a respeito deste dino é sobre a utilidade de sua gola, que poderia ser usada como defesa, como atrativo de parceiros de acasalamento epode ser que servisse para regular a temperatura corporal, passando sangue quente ali para resfriá-lo quando sentia muito calor, ou expondo o escudo ao sol para se aquecer.
O Paquirrinossauro apareceu no filme Dinossauro, da Disney e no episódio "River of Death" (Rio da Morte) da série Jurassic Fight Club do History Channel.
Paquirrinossauro do filme Dinossauro
©
Disney
Neste "documentário" um bando destes dinos herbívoros são perseguidos pelo terópode contemporâneo Albertosaurus, que caçava em dupla neste episódio. Encurralados em um penhasco, não percebem que vão cair e inevitavelmente a queda ocorre levando-os para dentro de um rio caudaloso, com forte correnteza, que os afoga e assim deposita os corpos na curva do rio, todos amontoados. Esta seria a explicação da série para a grande quantia de ossos de indivíduos diferentes de Paquirrinossauro existente em Pipestone Creek.
Paquirrinossauro de Jurassic Fight Club
©
The History Channel
No documentário Dinossauros no Gelo o Paquirrinossauro também tem o crifre com ponta, assim como no boneco de brinquedo que representa o animal, realizado pela empresa Procon Collecta como parte da coleção de bonecos de dinossauro. A Papo lançou um Paquirrinossauro em 2010, com alto nível de detalhes.
Pachyrhinosaurus da marca Procon
©
Procon Collecta
Pachyrhinosaurus da Papo
©
Papo

No desenho "Em Busca do Vale Encantado" o dinossauro chamado de "Senhor Nariz Grosso" é um Paquirrinossauro. O Paquirrinossauro será o mascote da edição de 2010 dos Jogos de Inverno no Ártico, que será realizado em Grande Prairie, Alberta.


Fontes

1 comentários :

Henrique disse...

Parabens pelo texto, nunca tem muita coisa sobre esse dinossauro na tv nem na internet, na internet tem bastantes sites com textos, mas são textos minusculos.