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domingo, 4 de outubro de 2009

Ardi: provando que o homem não descende do macaco

Reconstrução de Ardi
© AFP
Muita gente, principalmente a população sem conhecimento científico aprofundado, confunde a teoria da evolução humana e acredita, além de repassar a famosa frase: O homem "veio" do macaco. Alguns dizem que Darwin falou isto, mas estão enganados, pois o que ele escreveu foi que o homem e os primatas têm um descendente em comum. O homem e os macacos evoluíram paralelamente, ao mesmo tempo, de formas diferentes, então um não pode descender do outro porque evoluíam juntos. Agora, a apresentação de um novo hominídeo extinto há 4,4 milhões de anos prova que nós humanos, somos até mais antigos que os primatas atuais de grande porte como o Chimpanzé e o Gorila. Leia a postagem completa para saber tudo sobre este novo ancestral humano descoberto e qual sua importância.

A descoberta ocorreu em 1994, em um deserto da Etiópia chamado Awash, onde foram encontrados restos fossilizados fragmentados de aproximadamente 35 hominídeos ainda desconhecidos e que pareciam ser importantíssimos para a compreensão da evolução humana. Este primata recebeu o nome de Ardipithecus ramidus, combinando termos de um dialeto da Etiópia e uma palavra grega.
Foram escavados os fósseis, tarefa que exigiu empenho, dedicação e amor pela profissão, de pelo menos 47 pesquisadores que durante 15 anos permaneceram retirando restos de ossos do solo. Sim, foram 15 anos de escavação, limpeza e análises, porque os ossos são tão frágeis que sob a menor pressão, até mesmo com os dedos, poderiam tornar-se pó e por a perder muito tempo e investimento de pesquisa, sem falar na importância científica do material. Assim, concluída a coleta, diversos trabalhos científicos de descrição do material foram iniciados e só agora em 2009 temos a publicação de 11 pesquisas, descrevendo o Ardipitecus e sua relação com nossa evolução.
Ardi, como foi apelidada uma fêmea da espécie que era o melhor exemplar, mais bem conservado contendo o crânio, o maxilar com vários dentes, os braços, as mãos, a bacia, as pernas e os pés, tinha cerca de 1,20 metros de altura, cerca de 50 quilos, era coberta de pelos, com pés parecidos com os de um chimpanzé para subir em árvores, mas com outras características mais próximas do ser humano do que de qualquer outro primata.
A partir de estudos comparativos do DNA humano com o do Chimpanzé, cientistas afirmaram que nós compartilhamos 98,5% de um mesmo material genético, ou seja, somente 1,5% do nosso DNA é que nos difere destes primatas, mais conhecidos como macacos, então, quando me referir a macacos neste texto, entendam como se fossem Chimpanzés e Gorilas.
Acreditava-se que o ser humano e os macacos tem um ancestral em comum, o que não é de todo falso, mas o que cientistas estavam interpretando incorretamente, era o fato de o homem ter evoluído a partir de um ancestral que era mais parecido com os macacos. Pensava-se que enquanto os macacos evoluíram pouco e pararam de mudar, o homem continuou sua adaptação e se tornou o que é hoje. Mas não foi bem assim e você vai entender tudo logo em seguida. Sugeriu-se que este "elo perdido", o ancestral comum, originou os dois grupos diferentes de espécies por volta de 6 a 7 milhões de anos atrás, embora o fóssil mais antigo de um hominídeo já encontrado até então, o de Lucy, tivesse somente 3,2 milhões de anos. Ninguém sabe como se parecia o nosso "elo perdido", então a base era Lucy.
Lucy tornou-se um fóssil famoso, conhecido por todo antropólogo e paleontologista, assim como por grande parte da população leiga e detinha o título de mais antigo ancestral humano a ter o fóssil descoberto. Todas as pesquisas sobre nossa evolução envolviam Lucy e a partir de sua imagem elaboraram o possível retrato do ancestral comum de onde macacos e humanos se separaram na corrida evolutiva. Mas isto mudou com o achado de Ardi, que tem 4,4 milhões de anos de idade, pelo menos 1 milhão de anos mais antiga do que a Australopitecus apelidada de Lucy.
Com a descoberta de Ardi, os paleontólogos e antropólogos perceberam que várias características exclusivamente humanas estão presentes neste mamífero, como as mãos possuírem os polegares já em posição opositora, mas voltados para frente como nos humanos, permitindo que se apoiemos nas mãos, com a palma esticada e com o peso do braço solto na mão, ao contrário do que se vê em chimpanzés que tem o polegar voltado para trás para melhor se agarrar aos galhos de árvore e que não podem espalmar a mão no solo para apoiar-se, tendo que caminhar apoiando o peso nas juntas dos dedos com a mão fechada.
Outra característica é que podia andar em pose ereta, deixando as mãos livres para manusear objetos, provavelmente comida, que era variada, a julgar pelo formato dos dentes e pelo ambiente em que viveu, um bosque com rios e lagos. Não foram encontrados objetos que pudessem ser instrumentos de Ardi e seus companheiros, mas não está descartada a hipótese de que pudessem usá-los. Para resumir, no geral, a maior parte das características de Ardi são comuns ao ser humano e não aos outros primatas citados, o que faz com que os paleontologistas afirmem que as características humanas são mais primitivas e que nós mantivemos este padrão, enquanto um ramo sofreu alterações para originar os gorilas e chimpanzés.

Fontes

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