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domingo, 24 de fevereiro de 2008

Shonisaurus

Arte de Brasílio Matsumoto
© Nestlé/6B Estúdio
Os primeiros fósseis do Shonisaurus foram encontrados na cidade Berlin, de Nevada - Estados Unidos, por volta de 1869, em um deserto que fica ao lado de uma montanha, em uma altitude de 2339 metros.
Somente em 1928 os fósseis encontrados foram definidos como pertencentes a um grupo de animais chamados de Ictiossauros, répteis marinhos parecidos com os peixes e golfinhos, por um professor da Universidade de Stanford, conhecido como S. M. Muller. No ano de 1953, Dr. Charles L. Camp e o Dr. Samuel Wells, da Universidade de Califórnia - Berkeley, escavaram o sítio paleontológico e encontraram pelo menos 37 ictiossauros adultos fossilizados, mas não se sabe porque tantos deles, que são grandes animais, morreram juntos em uma área tão pequena.
Existem várias hipóteses para explicar o fato, uma delas diz que pode ser que um cardume de Shonisaurus pode ter entrado na água mais rasa, próximo à praia e acabaram encalhando, como ocorre hoje com baleias, pois segundo Camp, o pequeno espaço entre os fósseis e a disposição paralela dos mesmo indicavam isto, no entanto isso não tem comprovação científica, pois estudos da geologia do local sugerem que eles foram depositados no fundo, em uma parte profunda do mar sobre os sedimentos e que não vinham até a costa para comer ou reproduzir e conseqüentemente não encalhavam.
Mesmo sem bases concretas, a hipótese inspira paleoartistas© Doug Henderson
A segunda teoria, é que o local onde ficaram depositados os fósseis, era naquela época uma espécie de baía rasa, onde o animal entrava e atolava, mas porém um de cada vez e não em cardumes como citado anteriormente. Uma terceira e mais aceita hipótese é que os cadáveres eram carregados pelas correntes até bancos de areia onde eram enterrados. Podemos supor isto pela localização dos fósseis, todos situados em um eixo norte-sul, indicando que as correntes marítimas da época os levaram a este destino. A maioria dos fósseis estava em estado fragmentado, faltando partes importantes, que facilitam a identificação do animal, mas mesmo assim alguns poucos foram bem preservados permitindo uma descrição clara, talvez porque os corpos dos mais bem preservados foram soterrados bem mais rápido do que os demais.
Dos 37 fósseis encontrados no local, somente um deles foi removido e levado ao Museu Estadual de Nevada, em Las Vegas, os demais ficaram no solo e foram cobertos para proteção e sempre estão sob cuidados dos paleontólogos que aos poucos vão estudando os diversos espécimes.
O local é bem curioso, sempre seco, com poucas pancadas de chuva, bem ao contrário do período Triássico, época em que tudo aquilo era um oceano. Próximo dos grandes predadores fossilizados existem várias minas, de foram retirados centenas ou milhares de dólares em ouro e prata.
Um dos conjuntos de fósseis expostos, foi encontrado na rocha que sofria erosão no Union Canyon nas Montanhas Shoshone, expondo vértebras enormes, em uma altitude de 7.000 metros acima do nível do mar, local onde foi construído um abrigo em 1966 por cima dos fósseis para protegê-los da ação do tempo.
Dentro do abrigo estão expostas na rocha vários exemplares com esqueleto parcialmente preservado, mas o que mais chama a atenção é um indivíduo grande que está quase todo exposto na rocha, ocupando quase todo o interior do abrigo, onde inclusive encontraram indícios de que partes do estômago foi preservada junto dos ossos.
De início, o Dr. Camp pensou que várias espécies de Shonisaurus estavam ali, mas hoje acredita-se que eram todos Shonisaurus popularis. Ao contrário da maioria dos "répteis - peixes" as nadadeiras do Shonisaurus, tanto as traseiras como dianteiras, eram todas iguais em tamanho.
Haviam duas espécies conhecidas de Shonisaurus, o S. popularis e o S. sikanniensis, os quais diferem em tamanho e local de onde foram retirados. O S. popularis provém do sítio mencionado anteriormente, com uma estimativa de até 15 metros de comprimento e 40 toneladas.
Comparação do tamanho de Shonisaurus com um homem
© Paleoguy/JWK/Dinoraul
O exemplar S. sikanniensis foi descoberto em 1990, na localidade de British Columbia - Canadá e é estimado em 21 metros de comprimento, bem maior que o animal dos Estados Unidos, porém pode ser uma estimativa precoce e exagerada, porém no momento é a única disponível e deve ser aceita até futuras revisões, pois sabemos que o Dr. Nichols infelizmente não chegou a estudar até o fim este espécime. 
Pelo que pude descobrir, estudos mais recentes indicam que na realidade o S. sikanniensis foi identificado como outro animal, Shastasaurus, logo isso define que só conhecemos uma espécie de Shonisaurus e que é a dos Estados Unidos, com 15 metros de comprimento.
Dr. Camp também não terminou ainda sua análise dos restos de S. popularis, pois no início, quando os fósseis foram encontrados estavam na propriedade do parque independente, época em que Camp seguia fazendo um ótimo trabalho, porém o parque passou a ser dirigido pelo estado, o que resultou em alguns desentendimentos, fazendo com que Camp se afastasse do parque e parasse as pesquisas. Posteriormente a administração do parque foi trocada e Camp retornou, para reparar as capas de gesso que protegiam os fosseis e continuar os estudos, porém já havia perdido o entusiasmo de antes.
No entanto, mesmo que esta medida do S. sikanniensis sofra alterações, ele continuará sendo o maior ictiossauro conhecido. É normal que a primeira impressão faça os pesquisadores imaginarem um animal maior, observando o fóssil no solo, como é o caso do S. popularis, com um crânio inicialmente estimado em 3 metros, mas que agora já se considera menor, com no máximo 2,75 metros. O crânio do S. sikanniensis também foi diminuído, de iniciais absurdos 5 metros para 3 metros de comprimento.
Um fóssil de um ictiossauro foi encontrado nas montanhas do Hymalaia, nomeado de Himalayasaurus pode ser mais um fóssil do Shonisaurus, ou seja, um sinônimo.
O Shonissauro, como todo Ictiossauro era um animal carnívoro, devia então comer peixes, moluscos e outros animais menores que encontrasse no caminho. Poucos exemplares tinham dentes, somente os menores, fazendo os pesquisadores a imaginar que talvez somente os juvenis tinham os dentes, que eram perdidos com a maturidade, preferindo nesta época talvez alimentos mais moles e fáceis de agarrar.
Seu corpo era bem moldado para viver na água, tinha forma hidrodinâmica, ou seja, uma forma que torna o nado mais fácil e rápido. Era adaptado à vida na água quase em todos os aspectos, somente um o desfavorecia, a necessidade de respirar ar na superfície, pois como era um réptil e não peixe, precisava de pulmões para respirar, o que o forçava a subir até a superfície cada vez que precisasse de oxigênio. Reconstruções mais antigas, como esta de Dupras, abaixo, mostram o animal com um torso bem alto e robusto e corpo mais curto. Essas montagens do esqueleto davam a impressão do animal ser muito robusto, praticamente "gordo" para se colocar em termos simples, o que foi retratado nas ilustrações feitas sobre o bicho desde seu descobrimento até hoje.
© Adaptado de Dupras (1988)
Entretanto, recentemente mais estudos têm indicado que seu corpo era mais esguio do que se pensava, alterando a silhueta geral do animal. Na reconstrução esqueletal do animal feita por Scott Hartman, mostrada abaixo, você percebe que nossa visão moderna dele é bem diferente das primeiras reconstruções.
© Scott Hartmann
Fósseis sugerem que os Ictiossauros não botavam ovos, mas sim davam a luz aos filhotes diretamente na água, pois estes desenvolviam-se no ventre da mãe. Faziam a procriação deste jeito porque seu corpo não permitia que botasse ovos na terra, ou seja, se os botasse no mar poderiam ser devorados. Um fóssil encontrado de ictiossauro mostra um filhote nascendo, primeiro saindo a cauda enquanto a cabeça saía por último, para evitar afogamentos. Se saísse primeiro a cabeça, o resto poderia demorar para sair e o filhote não conseguiria respirar e morreria, então nascia primeiro a cauda e depois o resto do corpo, como nos mamíferos aquáticos atuais.
Uma característica dos ictiossauros é a presença de olhos extremamente grandes em relação ao animal. Acredita-se nisto pois os fósseis tem no crânio um anel ósseo na orbita ocular, o qual servia para manter o olho fixo e na forma correta, pois na água a pressão é maior e diferente de acordo com o lado do animal, o que poderia deslocar ou alterar a forma do olho comprimindo-o e estragando a visão.
Um tema de debate é a barbatana dorsal do Shonisaurus, alguns acreditam que ele possuía uma como baleias e tubarões, outros dizem que ele tinha as costas lisas e sem barbatana.
Shonisaurus com barbatana dorsal
©
 Felipe Alves Elias
Shonisaurus sem barbatana dorsal 
© Arthur Weasley
Este animal era enorme e deveria precisar de muita comida para sobreviver. Achados fósseis de restos de alimentos no que seria um estomago fossilizado do Shonisaurus mostram que comia peixes, mas tinha um preferência por cefalópodes, as conhecidas lulas, polvos, belemintes. Outra característica é seus olhos, que segundo estudos eram adaptados para ver melhor no escuro, ou seja, em águas mais profundas.
Pouco tem aparecido em filmes ou jogos de vídeo game, mas em livros ou coleções de figurinhas é mais conhecido. Um caso que podemos citar é o do chocolate Surpresa, da Nestle, no qual a empresa dava de brinde um cartão de uma coleção, geralmente sobre a natureza ou animais, sendo que 1993 o tema era dinossauros e a figura nº 3 era o Shonisaurus. Para ver o álbum você pode baixá-lo clicando aqui.


2 comentários :

Unknown disse...

Oi, tudo bem?

Achei estranha a referência a montanhas de 7.000 metros nos EUA. A maior montanha das Américas fica nos Andes e tem praticamente esta altitude. O ponto mais alto dos EUA fica no Alasca e tem quase 6.200 metros.
Não seria por acaso 7.000 pés, o que daria pouco menos que 2.500 metros?

Patrick disse...

Obrigado pela dica Carlão. Já arrumei, você estava certo mesmo.