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sábado, 4 de outubro de 2008

Iguanodon

© Raúl Mártin
© Todd Marshall
Nome científico: Iguanodon bernissartensis, I. anglicus, I. dawsoni e I. fittoni (dente de iguana).
Tamanho: Em torno de 10 metros de comprimento e cerca 4 metros de altura.
Alimentação: herbívora.
Peso: aproximadamente 3,5 toneladas.
Viveu: Europa, América do Norte, Ásia entre outros locais.
Período: Cretáceo (cenomaniano e barremiano).

Veja onde encontraram o Iguanodon!
Clique no mapa.Veja quando viveu o Iguanodon!
Esta tabela mostra em vermelho várias idades do Cretáceo, nas quais viveream diversas espécies de Iguanodons, espalhados por várias partes do mundo.

Iguanodon, um dinossauro herbívoro que viveu principalmente no cretáceo inferior, chegava a 10 metros de comprimento, era pacífico e gostava de comer plantas e conviver em bandos. Este dinossauro é um dos mais famosos, pois foi o segundo dinossauro a ser descoberto e descrito oficialmente no mundo. O primeiro foi o megalosaurus e o terceiro o hylaeosaurus, mas ambos não obtiveram tanto sucesso como o iguanodon, talvez por grandes erros nas sua reconstrução e por que de todos os dinossauros conhecidos, o iguanodon está entre os que mais foram encontrados.
O Iguanodon foi descoberto por uma mulher, esposa do médico Gideon Mantell, chamada Mary Ann caminhava pela floresta de Tilgate em 1822, quando observou no solo algumas rochas diferentes. Observando melhor percebeu que se assemelhavam a ossos e chamou Gideon Mantell que enquanto ela passeava, estava trabalhando em uma visita a um paciente ali perto. Como era médico ela pesou que ele saberia do que se tratava. Gideon Mantell resolveu recolher os ossos e procurou na área e encontrou muitos outros dentes e ossos. Com a posse dos ossos ele recorreu aos peritos em fósseis da época, como William Buckland e Georges Cuvier que logo sugeriram que os dentes pertenceram a mamíferos ou peixes. Mas um naturalista chamado Samuel Stutchbury observou que os dentes eram semelhantes aos de uma iguana, com tamanho 20 vezes maior é claro. A partir disso, Mantell começou a fazer suas suposições e somente veio a divulgá-las em 1825 com um estudo apresentado à Royal Society de Londres.
Mantell nomeou o animal de Iguanodon, que é a junção de duas palavras, Iguana e odonte que significa dente em grego. Se recusou a colocar um segundo nome, mas com a insistência de outros pesquisadores ele aceitou e nomeou de Iguanodon anglicum, posteriormente modificado para I. anglicus.
Em 1834, encontraram em uma pedreira em Maidstone, um novo fóssil de Iguanodon, desta vez completo e muito bem conservado, que logo Mantell conseguiu para si, com a intenção de estudá-lo. Com a posse do novo fóssil, comparou os dentes e logo concluiu que era sim um Iguanodon e começou a descrevê-lo e como muitas vezes na história da paleontologia, cometeu muitos erros. A primeira gravura feita do Iguanodon, obra do próprio Mantell, mostrava um esqueleto do animal sobre um galho, cauda comprida como uma iguana e um chifre sobre o nariz, como se pode ver abaixo.
Primeira gravura do Iguanodon Obra de Gideon Mantell Desenho do Fóssil encontrado em Madstone
Hoje o fóssil está exposto no Museu de História Natura de Londres e a cidade de Madstone, em 1949 inseriu no seu brasão de armas o Iguanodon, tornando o dinossauro um símbolo da cidade.
Nessa época Mantell e Richard Owen criaram entre si uma rivalidade, pois Owen era um criacionista inveterado e afirmava que além de serem grandes e pesados os dinossauros tinham características de mamíferos, tudo obra de Deus, pois a evolução e mutação de espécies não era algo possível segundo o criacionismo. Pouco antes de morrer, Mantell percebeu que o iguanodon não era um gigante pesado como um elefante por exemplo, devia ser ágil ao contrário do que disse Owen. Infelizmente sua morte o impediu de acompanhar a construção das esculturas em tamanho real dos animais pré-históricos e do Palácio de Cristal , deixando espaço para Owen expor sua visão dos dinossauros que por muito tempo foi tida como verdadeira pelo público. Foram criadas duas "réplicas" do iguanodon, ainda com o chifre no nariz, no Palácio de Cristal, um deles em pé e um em posição de descanço, ambos esculpidos em concreto com uma base de ferro e tijolos. Uma curiosidade que até hoje é lembrada é de um jantar de 20 pessoas, feito em comemoração às novas descobertas e à inauguração do Palácio de Cristal, o mais impressionante é que ocorreu dentro do iguanodon que está em pé, isso mesmo, antes de concluirem a escultura foi celebrada a festa dentro da estátua! Abaixo uma ilustração feita na época, retratando o evento.
Depois da inauguração, o Palácio de Cristal tornou-se um centro turístico muito famoso e até hoje reúne visitantes, fica em Londres e ainda conserva as esculturas de animais pré-históricos, ao contrário do palácio que em 1936 foi destruído em um incêndio. Abaixo o Iguanodon e outras esculturas.
Iguanodons Megalosaurus Répteis Marinhos
O maior achado de fósseis do Iguanodon e talvez um dos maiores achados do mundo, ocorreu na Bélgica, em uma mina de carvão em Bernissart em 1878. Em uma mina de 322 metros de profundidade foram encontrados nada menos do que 38 esqueletos quase completos de Iguanodon, a maioria adultos. Muitos foram reconstruídos e estão em exibição em Museus variados espalhados pelo mundo, dos quais 11 montados como seriam em vida e outros 20 na forma em que estavam na rocha ao serem encontrados e outros ainda permanecemram guardados para estudo, sendo que os esqueletos foram nomeados a um novo gênero, Iguanodon Bernissartensis, em homenagem à cidade Bernissart. Não foram incluídos no mesmo gênero inglês pois os esqueletos revelam indivíduos maiores e robustos. Junto com os Iguanodon haviam plantas, outros répteis e até um crocodilo.

Montagem de um Iguanodon em uma igreja Foto tirada em 1880
Infelizmente como na época a conservação de fósseis era precária, ao retirar os fósseis da mina estes começaram a apresentar uma reação conhecida como "doença da pirita', uma reação causada pela presença do sulfato de ferro nos ossos, que ao ficar por algum tempo em contato com o ar começaram a se desmanchar. Tentando inpedir esta "doença", os pesquisadores usaram álcool, arsenio (substância tóxica a praticamente todos os seres vivos) e goma laca para matar os causadores da enfermidade, que nem era doença e sim a reação quimica do sulfato de ferro. Muitos fósseis foram danificados ou destruídos, porém com as novidades tecnológicas foi possível criar um sistema de injeção de polietileno glicol, uma cola que se transforma em uma espécie de borracha, que é injetada nos fósseis após retira-se toda a umidade dos mesmos com um sitema a vácuo, permitindo a conservação dos ossos dos iguanodons.
Com a descoberta dos novos esqueletos Louis Dollo provou que a concepção de Owen sobre a aparência do Iguanodon estava errada, e finalmente colocou o "chifre" no seu local correto, no polegar, servindo como um esporão, talvez para se defender. Montado em uma posição semelhante a dos cangurus e emus da Austrália, o Iguanodon já tomava sua forma mais correta, ainda que com alguns erros, como sua posição ereta, que para poder ser realizada foram até quebrados ossos da cauda, o que permitiria que fosse dobrada.
Em 1881 as escavações na mina de Bernissart foram interrompidas, mas durante a 1º Guerra Mundial com a ocupação alemã no país as escavações foram reativadas, pelo menos em projeto, pelos alemães, mas os Aliados recuperaram o domínio sobre Bernissart. Outras tentativas falharam e em 1921 a mina selou os fósseis de vez com uma inundação.
Depois disso as discussões sobre o Iguanodon diminuiram até a descoberta de um espécime na Ilha de Wight na Inglaterra, nomeado de I. atherfieldensis, nomeado em 1925 por Hooley. Mas o que se pensava ser uma única espécie isolada, revelou fósseis no mundo todo, de a América do Norte, África, Mongólia entre outros locais. Alguns paleontólogos nomearam esses exemplares, dando nomes variados ou até retirando o nome Iguanodon e rebatizando com outro nome, como Dakotadon entre outros.
Essas complicações taxonomicas tornam o Iguanodon um dinossauro alvo de reclassificações e renomeações, por isso o pesquisador Gregory Paul recomenda tomar apenas Iguanodon bernissartensis como espécie realmente válida e sem dúvidas de descrição. Na Alemanha foram encontrados muitos esqueletos, talvez mortos juntos em uma enchente ou outro fenômeno natural, a maioria entre 2 e 8 metros de comprimento, pertencem a espécies nomeadas de Mantellisaurus e Dollodon, antes associadas a I. atherfieldensis. Depois de tanta complicação taxonômica realmente foi aceito o I.bernissartensis (George Albert Boulenger, em 1881) como nome oficial do melhor espécime descrito, pois ainda a comparação está difícil, pois o dente origi-
nal encontrado por Gideon Mantell acabou indo parar na Nova Zelândia, em um museu onde foi deixado pelo filho de Mantell enquanto passava por lá, após a morte de Gideon.

O Iguanodon, ao contrário dos hadrossaurídeos, não apresentava baterias de dentes, apenas alguns em cada maxima e cada dente era substituído uma vez na vida apenas. Não se sabe exatamente o que comia ou como comia, mas as especulações são muitas. Uma delas afirma que talvez possuísse uma espécie de "bochecha", com ou sem musculos para ajudar segurar o alimento na boca, assim como os outros ornitisquianos, e talvez devido a posição dos dentes e maxilar inferior sua mastigação fosse semelhante a dos herbívoros modernos, terminando o focinho com um tipo de bico que provavelmente era recoberto por queratina e servia para cortar folhas e ramos.
Sua dieta ainda é meio misteriosa, pois não sabemos exatamente que tipo de plantas comeu, David Norman sugeriu que comia cavalinhas, cicas e coníferas. Levando-se em conta o perído em que viveu, o cretáceo, seria natural que se alimentasse de também das angiospermas (plantas com flores) que nesta época se desenvolviam e diminuíam a quantidade de gimnospermas (coníferas como pinheiros).
A aparência do Iguanodon hoje é bem definida, mas na época da descoberta dos primeiros fósseis ainda não podiam montar uma imagem fiel ao animal, devido a má qualidade dos fósseis, geralmente fragmentados e escassos, somados ao estudo precário da paleontologia que ainda mal havia começado a definir dinossauros, que afinal ainda nem eram chamados assim. Retratado como um animal com chifre no focinho, quadrúpede e de aparência reptiliana, parecendo uma iguana mutante ou algo do tipo.

Iguanodons na pose quadrúpede e um megalosaurus
Antes de morrer, Mantell percebeu que a bacia do animal era maior que os ossos dianteiros, o que mostrava uma postura diferente, porém como dito antes, morreu antes e a visão de Owen permaneceu até a descoberta em Bernissart, o que mostrou a postura bípede do iguanodon. Retratado ereto como um canguru o iguanodon era mostrado usando a cauda como uma terceira perna para apoio.
Visão do Iguanodon com cauda no chão
Porém, após algum tempo, David Norman resolveu reestudar o Iguanodon e observou que os tendões da cauda eram ossificados, mesmo quando vivos não se dobrariam tanto tendo que praticamente quebrar a cauda para que ficasse em posição de tripé. A posição quadrúpede horizontal seria mais plausível e poderia explicar detalhes anatômicos diversos, como dedos dos membros dianteiros agrupados, punhos e mãos com pouca mobilidade, ombros musculosos e musculos peitorais reforçados, revelando um costume de animal quadrúpede.
A postura quadrupede seria mais adotada por indivíduos maiores e mais robustos, talvez pelo peso a ser suportado, sendo que os Iguanodons também usavam as patas dianteiras ao mesmo tempo para correr como indicam trilhas de pegadas, caracterizando uma estimativa de no máximo 24 Km/h de velocidade enquanto bípede, porém em galopes como quadrúpede dificilmente correria muito.
Uma característica marcante do Iguanodon foi um esporão ou garra no polegar, parecida com uma garra de carnívoro, que talvez esse pacato herbívoro em uma situação de perigo usasse como defesa, cortando ou arranhando o inimigo ou rival.
Mão de iguanodon
Esporão de iguanodon

Seu comportamento social pode ser mal interpretado pelo achado na mina de Bernissart, pois no mesmo local havia muitos esqueletos sugerindo uma morte em conjunto em um único evento, porém não significa que vivessem em bando. Viviam em um mesmo local, mas indivíduos talvez não se juntassem em bandos como muitos outros hadrossaurideos. O que leva a crer que os fósseis da Bélgica não eram bandos grandes que vivessem juntos é a ausência de fósseis de filhotes, geralmente algo muito significante para provar uma convivência em grupo.
O Iguanodon é muito famoso por ter sido o segundo dinossauro a ser descrito, ou seja, um pioneiro dos grandes répteis, sendo também mostrado ao público nas esculturas do palácio de cristal, em filmes, como Dinossauro da disney e O mundo perdido de Arthur Conan Doyle, aparecendo no livro e no filme. Mostrado no documetário Walking with Dinosaurs da BBC e em Chased by Dinosaurs, sendo perseguido como presa de giganotossauro. Em Dino planet, do Discovery Channel é perseguido por raptores europeus. No livro Raptor red de Bob Bakker é caçado por Utahraptores e ainda foi usado para nomear até um cinturão de asteróides, chamado hoje de 9941 Iguanodon.

© BBC

Fontes:Wikipedia, Dinodata, Dinohunters, entre outros.
Nota: As imagens antigas, desenhos ou fotografias já tiveram seus direitos autorais expirados, de acordo com as leis dos direitos autorais dos EUA, Europa entre outros, que afirma que os direitos do autor expiram após 70 anos de sua morte.

2 comentários :

Henrique disse...

O texto esta bem lega, e uma pergunta, qual foi o dinossauro mais "bem suscedido", q se saiu melhor e viveu mais tempo?

Patrick disse...

Oi de novo Henrique
Isso não saberia te dizer com certeza, mas não me espantaria se fosse o próprio iguanodon ou um hadrossaurídeo qualquer, afinal eram grandes, tinham se adaptado em ambientes diversos, do frio do Alaska e Austrália, ao deserto quentíssimo na Ásia, às florestas sub tropicais americanas etc...
Além de que comiam diversos tipos de planta e podiam mastigar, o que outros dinos não faziam.